Janaina Dernowsek
25/04/2021 09:15:47
A nova tecnologia criada pelo Laboratório de Dispositivos Fotônicos Aplicados (LAPD) da Escola Politécnica Federal de Lausana (EPFL), na Suiça, em colaboração com a spin-off Readily3D, permite fazer a bioimpressão 3D do pâncreas em miniatura com vasos sanguíneos de células-tronco humanas em apenas 30 segundos. O trabalho é muito promissor e tem como objetivo se tornar um método confiável para testar medicamentos para diabetes em um modelo vivo do pâncreas humano.
“Desenvolver um sistema que pode imprimir tecido 3D na escala de centímetros cúbicos e reproduzir fielmente o funcionamento de um pâncreas vivo é um grande desafio, que esperamos enfrentar com esta tecnologia” - Christophe Moser, chefe do LAPD.
Este vídeo explica como o mini-órgão é bioimpresso:
O pâncreas produz uma grande variedade de enzimas e hormônios que estão envolvidos na digestão e no metabolismo. Um dos principais hormônios que o pâncreas secreta é a insulina, que regula os níveis de açúcar no sangue. Se os níveis elevados de açúcar no sangue não forem controlados por períodos prolongados, podem ocorrer complicações fatais.
Este é um problema comum para pessoas com diabetes, em que o corpo não responde à insulina ou o pâncreas não produz insulina suficiente. Os pacientes acabam tomando remédios para melhorar a situação - caso contrário, correm o risco de complicações graves de saúde.
Considerando que o diabetes é um grande problema de saúde mundial, o trabalho da equipe do LAPD e da Readily3D na criação de mini-pâncreas bioimpressos em 3D poderá trazer grandes vantagens na busca por testes de medicamentos personalizados para diabetes.
A tecnologia de bioimpressão torna o órgão feito "sob medida", uma vez que é impresso com as próprias células-tronco do paciente, eliminando assim a necessidade de testes em animais.
“Além do mais, os pacientes não terão que experimentar uma variedade de medicamentos, alguns dos quais podem ter efeitos colaterais desagradáveis, antes de encontrar o certo para eles” - Damien Loterie, CEO da Readily3D.
A equipe do LAPD e da Readily3D acredita que essa nova tecnologia poderia um dia também ser usada para imprimir outros órgãos e tecidos biológicos, e até mesmo apoiar no desenvolvimento de tratamentos para o câncer.
“Uma das principais vantagens do nosso método é que ele pode criar tecido em um único bloco, o que o torna particularmente útil para imprimir tecidos moles como órgãos” - Paul Delrot, CTO da Readily3D.
Principais referências utilizadas na matéria:
PERRIN, S. Bioprinted mini pancreas will help in the fight against diabetes. EPFL. Publicado em: 20 de abril de 2021. Disponível em: https://actu.epfl.ch/news/bioprinted-mini-pancreas-will-help-in-the-fight-ag
VAN ZIJL, J. These Bioprinted Mini Pancreases Could Help Fight Diabetes. IFLS Science. Publicado em: 21 de abril de 2021. Disponível em: https://www.iflscience.com/health-and-medicine/these-bioprinted-mini-pancreases-could-help-fight-diabetes
Como citar essa matéria:
POLEY, I. M. Minipâncreas bioimpresso para combater o diabetes. Publicado em: 24 de abril de 2021. Disponível em: https://www.bioedtech.online/post/minipancreas-bioimpresso-para-combater-o-diabetes
Isabela Poley é engenheira química, mestre em Engenharia Mecânica e doutoranda em Bioengenharia pela UFMG. Possui experiência em desenvolvimento de hidrogéis para bioimpressão, além de experiências docente, como analista de engenharia e como analista de dados. Atualmente, Isabela é CEO da startup BioEdTech, na qual desempenha atividades administrativas, educacionais e de inovação em biofabricação 3D.
Contato: isabela.poley@bioedtech.com.br